LÚDICO

BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS


Construção da Identidade

O desenvolvimento psíquico do adolescente é contínuo e neste período ocorre o surgimento de novos vínculos sociais, e outros são abandonados. Em conseqüência disso o adolescente cria um conjunto de características fundamentais para que ele possa desempenhar um papel na sociedade. Desta forma temos dois aspectos, onde o primeiro é a identidade própria que é aquilo que ele é para ele mesmo. O segundo é o que chamamos de identidade mascarada ou persona, que é aquilo que ele apresentará para os outros.
Como vimos ocorre duas identidades distintas que são criadas pelo adolescente, e quanto mais distintas forem entre si maior será o conflito existente no indivíduo.
Pelo resto da sua vida será influenciado por sua identidade e como ela ainda está em formação ideológica na adolescência, fica muito difícil falar do papel social do adolescente na sociedade.
Mas afinal o que é identidade? Podemos então conceituar identidade, como sendo um conjunto de valores que capacitam o adolescente a assumir o sentido de pertencer e ser aceito pelo grupo social. E quando a identidade é mal formada temos então a condição de conflitos constantes com a ética e a moral pertencentes à cultura da sociedade a qual está inserido. Cada indivíduo possui uma identidade própria e mesmo que ele se espelhe em outro, assumirá características pessoais que conferem a ele identidade única.
Edimilson Alves Pinto

AS DEZ FACES

Se o educador tiver bom domínio de conteúdo, consciência profissional, desejo real de levar os alunos à aprendizagem e razoável formação didática, os resultados são, em geral bons.

AÇÃO EDUCACIONAL

Na era globalizada, diante da rapidez com que os conhecimentos surgem e envelhecem, é contraproducente acumular informação. É preciso saber pensar. Ensinar e aprender a pensar. Ensinar e aprender a resolver problemas. Ensinar e aprender a trabalhar em grupo. O educador transforma idéias e iniciativas em ações concretas que geram valor para a escola. O educador “torna novo”, “renova”, “introduz novidade” ou “faz algo como não era feito antes”. O educador a partir de uma perspectiva compartilhada, colaborativa, aborda os valores éticos e morais que são o suporte para o exercício da cidadania. O educador Proporciona experiências que giram em torno do conhecimento, envolvendo sempre todo o coletivo escolar.O educador educa para viver com sentido cada instante da vida. Educa para permitir sentir e expressar o que se sente. Sem medos. O educador conduz a escola a um objetivo mais amplo, proporcionando a todos os seus segmentos o exercício contínuo do estabelecimento de relações com o mundo circundante, com o meio ambiente e com o próximo. O educador respeita as diferenças raciais, as diversidades culturais, os direitos individuais, coletivos e difusos. O conhecimento técnico já não garante o sucesso profissional! O resultado final é um alinhamento de metas individuais, com metas coletivas, com todos podendo atender a seus valores fundamentais!

Não há regra,
Existe conduta.
Não há conivência,
Existe ajuda.
Não há demagogia,
Existe metodologia.
Não há certeza,
Existe esperança.

FRAGMENTOS DE UMA VISÃO CONTEMPORÂNEA

A educação passa necessariamente pelo contexto promotor das necessidades fundamentais do ser humano, enquanto cidadão. E por ser o homem, a inspiração máxima para elaboração de um conjunto de procedimentos que o loca dentro de um sistema social globalizado ou não, podemos então, dispor os elementos responsáveis pela manutenção da ordem e bem estar social. Os direitos fundamentais para que se possa atingir as condições de liberdade em igualdade a todos os indivíduos;Promover a inclusão de todo e qualquer cidadão dentro da política, economia, cultura e paz social;Reeducação social daqueles elementos que se manifestam de forma alheia à conduta social organizada; Liberdade para que o cidadão possa participar ativamente da vida cívica, a fim de promover o bem comum; O direito a não discriminação, seja qual for o motivo ou situação política; O direito à informação daqueles consumidores e usuários de qualquer que seja o bem; Conduzir de forma plena o acesso à saúde, cultura, lazer e exclusivamente da terceira idade. A nossa sociedade moderna difere daquela chamada antiga, em sua constituição polar que orienta a condição do homem, meio à mudança cultural que de forma desorganizada conturbou-se abrangentemente a partir da violação dos direitos fundamentais da pessoa humana. A sociedade moderna deve tratar de forma não somente contemporânea mas sim de forma a identificar os fatores norteadores do caos social que ora denigre e corrompe geneticamente civilizações, que emergem com valores puramente escrutinadores.Sabemos até o momento, que pouco se sabe a cerca da conduta humana, por mais que se faça estudo metodológico ainda não podemos construir um modelo que paralelamente conduza a jornada coletiva.Em nossa sociedade, a educação não é, e não pode ser responsabilidade exclusiva de alguns poucos segmentos, mas sim da sociedade como um todo, isto de forma contempladora para beneficiar o cidadão no grau individual e coletivo. A educação tradicional, também dita formal, oferece resistência por parte daqueles que contemplam sua busca. O tradicionalismo formal que deveria promover a informação cultural do homem, já não mais basta para atender as novas necessidades virtuais de caráter incluso do desejo do indivíduo.A revolução parece não ter atingido o segmento promotor da melhoria da qualidade de vida e conscientização humana. Se faz necessário, articular de forma global o novo perfil da educação, pois desta forma poderemos abranger sistematicamente aqueles que oferecem resistência ao tradicionalismo.A educação deve ser repensada em sua filosofia de conteúdo, não apenas por pedagogos e mais pedagogos, mas dentro do contexto social onde toda a sociedade possa participar não passivamente da reformulação dos métodos transmissores. A educação é algo que vai muito além do sistema escolar. Acredito até que a escola seja a instituição mais importante criada pela humanidade e por isso mesmo, deveria ser repensada em suas novas necessidades no mundo de hoje. Educação, é educar, aquisição, planejamento, competição, participação, coalizão é um agente promovedor de sustentação histórica.
A Visão Tradicional X Mudança Emergencial
Entidades várias, tentam reformular conceitos de modernidade, no entanto, não se comprometem em adequar os conteúdos que já historicamente foram abandonados por um contingente inexorável de pessoas que como meta, delinearam: Não a educação formal;A educação de adultos deve incluir necessariamente a terceira idade;Atender aos indivíduos desadaptados socialmente;Ação social educacional.Na verdade mesmo que alguns ou todos os itens estejam já contemplados, se faz necessário desmantelar o cartel que exclui de forma marginal os indivíduos que se encontram as margens do parâmetro social.Devemos contemplar a nós mesmos com uma educação social nova, que não somente tenta culturizar o homem mas fazê-lo promotor de transformações em seu meio e para a coletividade.A sociologia vê claramente que o abandono sistemático da periferia, na jornada social, cresce sensivelmente e desta forma o contingente de excluídos emerge assustadoramente, seja no país de terceiro mundo, seja naquele de primeiro mundo. Mantendo inalterada a identidade formal da educação jamais poderemos promover uma revolução de ideal e cunho social capaz de absorver plenamente a responsabilidade pelos desagregados que perambulam por todos os cantos de um mundo que determina agressivamente a soberania de poucos, em detrimento de tantos outros. Uma intervenção no sistema educacional somente será possível se ferramentas didaticamente propostas puderem promover uma mescla entre novas tendências e anseios por parte da sociedade.De acordo com as orientações da União Européia o pilar da educação do século XXI deve ser “aprender a viver juntos”. Quer dizer, a educação deve facilitar os cidadãos nas competições sociais e qualificá-los dentro de uma realidade real. Desta forma a constitucionalidade garantirá os direitos fundamentais e através da pedagogia social nova, haverá uma inclusão daqueles que por problemas sociais tradicionais se instalaram às margens do bem estar social. Devido ao grande déficit social se faz necessário uma reflexão conceitual referente à nova educação do século XXI que abrirá caminhos, juntamente com intervenções a aqueles que certamente implementarão o novo século. Mas isso somente será possível se ocorrer uma prevenção das causas geradoras que impunemente desagregam o Estado Social.A nova educação deverá promover uma varredura social e atender as demandas, que através da escola alcançará finalisticamente o desejo daqueles que não compreendem e/ou aceitam o modelo tradicional da escola.A desigualdade social começa dentro da própria escola e toma tamanha complexidade que a população infanto-juvenil não encontra apoio, pois aliado a esse tormento eles derivam de uma desagregação familiar, que por certo, desfigurou sonhos e desejos ainda em formação uterina.O sistema educacional deveria por excelência formar pessoas capazes de promoverem sua auto-ajuda de evolução para se adequarem às novas realidades globalizadoras.A pedagogia deverá ocupar-se daqueles excluídos, pois o que vemos hoje, é o desmantelamento social, onde o eu pessoal sobrepõe-se ao Estado de direito.O direito penal juvenil:Além dos dispositivos constitucionais, o estatuto da criança e do adolescente estabelece critérios para uma educação evolutiva, que prioriza a reeducação. O paradigma nova educação emergente à necessidade de implantação sistematizada para reeducar o jovem que por um motivo ou outro, cometeu um ato infracional, retomando assim a consciência da justiça moral. No Brasil hoje, está mais clara esta compreensão, mas ainda existem distorções sobre o sistema reeducativo que venha de encontro com as necessidades de um plano de ação pedagógica, orientado à criança com desvio de conduta.É dever do Estado promover uma ampla proteção de acordo com o estabelecido no E.C.A. Mas acredito que a reeducação dos infratores deve ser promovida por instituições que adotem uma clara filosofia enquanto proposta pedagógica para o trabalho, apoio, proteção e a reeducação ativa do nosso menor infrator.Entre aplicação e execução de uma pedagogia reeducativa:Podemos afirmar hoje, que o agregamento pedagógico e ações táticas que delineiam a reeducação devem passar necessariamente por uma avaliação que não somente vise a aplicação do método, mas avalie também o alcance da metodologia aplicada.É fácil observar que a pesquisa claramente mostra que a degeneração da estrutura familiar norteia a delinqüência, com isso, avançamos para um novo conceito, “o ante-social”. As ações do governo ainda são tímidas diante do conjunto dos excluídos e daqueles marginalizados, quer seja pela conduta, pela condição social, pela crença humanística, pelo determinismo, que seja pela simples fragmentação do poder econômico.A dimensão estrutural institucional:Do ponto de vista pedagógico a marginalidade é um fator de dissimulação social. E desta forma, o ambiente comunitário deverá sofrer radicalmente uma sugestão agressiva que impetre na cultura popular uma forma visional para manter o ambiente familiar, com base sustentadora da sociedade, explico desta forma, que não basta promover uma educação qualitativa, pois a escola somente não será capaz de promover valores que venham induzir uma reestruturação social. Longe de uma utopia classista, deveremos reinventar a sociedade do século XXI, e digo isso, por que desde o advento do satélite até a globalização, promovida pela rede mundial, ocorreu uma mescla desordenada nas diferentes culturas do mundo e até mesmo de forma permanente, onde o ser humano não foi capaz de assimilar tal complexidade, deixando assim que influências vindas de formas culturais diferenciadas pudessem agredir primeiro sua conduta moral e em última análise seus valores enquanto pessoa humana. Efeitos temporários e permanentes locaram-se em todos os segmentos da sociedade criando uma geração de dissimulados que instintivamente refizeram seus padrões culturais, morais e sociais.Pelo exposto, é imperativa a necessidade de restabelecer uma agregação cultural, partindo-se de uma nova educação que visa priorizar o cidadão, de forma que ele possa promover a nível individual, grupal e social uma transformação dos meios de aprendizagem.Destaca-se a necessidade do poder público em promover condições reais para esta reestruturação social, pois já não basta o discurso que culpa gerações passadas, já não basta coexistir com tantos fracassos, já não basta perpetuar uma revolução fracassada em seus métodos e paradigmas. É hora de conceituar canalizando a vontade do povo em se restabelecer historicamente dentro de uma plenitude que centraliza o homem como receptor único e exclusivo do bem estar social.
O Capitalismo X Problemas Sociais
A organização estrutural contemporânea, contempla o capital como bem único e exclusivo do bem estar social. No entanto, chega a ser imensurável os excluídos que de forma seletiva perambulam às margens do atual modelo capitalista. O Estado moderno preconiza que já é incompatível manter o modelo econômico atual e a progressividade de geração de excluídos que em crescimento geométrico já mostra interferências irreversíveis ao modelo atual. Os filhos do capitalismo se deparam diante de uma barreira constituída por filhos dos excluídos e desta forma observamos hoje que se cria uma cultura fragilizada, ou até mesmo, uma antecultura, com regras próprias e que se auto-estimulam pelo poder maior capaz de corromper o Estado organizado, “a corrupção ativa e passiva.”A transformação:Estamos vivendo uma verdadeira “Era” revolucionária, onde características contemporâneas tentam criar uma nova ordem política-social. Como se não bastasse, vivenciamos uma articulação progressa dos conceitos sociais que milenados, agora se desagregam numa atmosfera carregada e que conduz de forma definitiva uma onda que varre as tendências humanísticas.Esta tal transformação deve necessariamente atender aos diversos segmentos: econômico, político, cultural e o homem como elemento centralizador das inspirações que norteiam a conduta de desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida.Poderíamos continuar nesta linha dissertativa onde buscamos uma integração coalizardora entre a pedagogia social e a reeducação cultural. Mas não o faremos. É necessário pois, que haja uma consciência superior que eleve em grau máximo a soberania democrática e a cidadania do povo. Não é mais hora de relermos o senso, não nos basta mais uma solução neoliberal. As reformas são necessárias. Mas reformar significa antes de tudo articular o planejamento, delinear o ante-projeto, buscar alternativas não excludentes e por fim priorizar um projeto de “Projeto de Ação Pedagógica.”
Edimilson Alves Pinto

DELINQÜÊNCIA JUVENIL

BREVE ANÁLISE DOS ASPECTOS ENVOLVIDOS NA DELINQÜÊNCIA JUVENIL
Vários estudos comprovam a complexidade dos aspectos envolvidos na formação de uma personalidade delinqüente. Porém, nenhum deles pode dizer com segurança e exatidão quais são os responsáveis por este comportamento. Qualquer estudo que destaque alguns aspectos em detrimento de outros como possíveis causadores da delinqüência estará, certamente, tendo uma visão reduzida do problema, pois o principal ator deste cenário é o próprio ser humano cuja formação se dá pela conjunção dos fatores psicológico, biológico, social/familiar e econômico.Sabe-se hoje que a delinqüência não é uma condição proporcional à pobreza, ou seja: quanto mais pobre, maiores as chances de o indivíduo delinqüir. Diferentemente, o fator escolaridade demonstra ter extrema importância no ajuste social, pois quanto maior for o acesso à informação, maior o nível de perspectiva pessoal e social.No entanto, ao analisarmos o problema do ponto de vista da dinâmica psicológica, observaremos que o sentimento atual de desamparo, típico de nossa cultura, aliado à descrença nos valores morais, acarretam no ser humano uma busca incessante pelo prazer pessoal e pelo individualismo, ambos efêmeros, tornando-o cada vez mais distante dos ideais sociais coletivos, importantes na formação da identidade de cada indivíduo.Em uma sociedade capitalista, os ideais de consumo estão acima dos ideais intrapessoais, gerando um padrão de valores éticos altamente questionáveis. A felicidade almejada está associada ao “ter” e não ao “ser”, restando ao jovem a conquista da felicidade a qualquer preço.Outro elemento de grande relevância refere-se ao declínio da função parental (papel do pai e da mãe), caracterizado pela dissolução familiar e pela conseqüente falta de limites. O espaço aí aberto é, então, ocupado pela falta de referências, falta da ordem e de padrões que possibilitem ao jovem uma identificação com um modelo, sendo, então, lançado a uma liberdade generalizada ou liberdade para tudo. Em nome de uma proteção incondicional dos pais, os adolescentes não sofrem qualquer tipo de limitação ou censura, cabendo-lhes o peso futuro da cobrança social e um enorme sofrimento para adaptação às normas exteriores. Tudo isto , evidentemente, gera uma pressão psicológica desproporcional à estrutura de personalidade desenvolvida.A sociedade parece estar acordando, paulatinamente, para esta conseqüência, já que começa a por em questão os moldes educacionais vigentes. Para isso, foi necessário muito sofrimento e uma exposição quase sórdida do mesmo pelos meios de comunicação. Felizmente ou infelizmente, este mesmo sofrimento é aquele que nos faz crescer como participantes de um mundo que ainda vale a pena, principalmente se tivermos em mente a importância da participação de cada um de nós no processo civilizatório.

DELINQÜÊNCIA JUVENIL E LEITURA:
Uma dificuldade de leitura pode levar uma criança à delinqüência juvenil? Cremos que sim. Há uma relação muito estreita entre leitura e pensamento, entre leitura e atitude e mais estreita ainda é a relação entre rechaço e maus leitores, de que modo que as investigações recentes, na psicopedagogia, apontam para um grau de contiguidade entre leitura e delinqüência juvenil. O comportamento do delinqüente, no meio escolar, em geral está associado com alguma dificuldade de aprendizagem relacionada linguagem. As crianças com dificuldade parcial de ler bem, quase sempre, são alunos isolados, mas alunos que procuram superar suas limitações lingüísticas com comportamentos mais agressivos, rebeldes e violentos. As notas baixas nas disciplinas escolas refletem muito as limitações cognitivas e lingüísticas dos maus leitores, mas a destreza no esporte, na arte, muitas vezes podem, doutra sorte, revelar um sentimento de rebeldia que pode perdurar na fase adulta. Não há aqui, intenção de estabelecer dicotomia ou maniqueísmo, todavia os maus leitores são potencialmente os alunos que mais oferecerão problemas de indisciplina ao setor psicopedagógico da escola. Durante dois anos observamos e constatamos que as dificuldades de leitura e a delinqüência juvenil são tipos de problemas que caminham juntos e, portanto, exigem uma intervenção por parte dos agentes e autoridades educacionais. Uma política de leitura não apenas compensaria o déficit cultural dos alunos como também iria engajá-los no discurso da sociedade da informação. Enquanto isso, sobra a difícil tarefa de domesticação de atitudes dos alunos por parte dos abnegados professores, em particular, os da rede pública de ensino, que se deparam hoje não apenas com dificuldades domésticas, materiais e pedagógicas nas salas de aula, mas têm , também, como tarefa árdua o enfrentamento da questão social a que a escola pública está inserta. Refiro-me à delinqüência juvenil revelada na gangs e nas brincadeiras violentas e agressivas no meio escolar. Muitos alunos cometem atos anti-sociais não porque são pobres ou por passarem privação cultural, e sim, porque, estando nas escolas (sejam públicas ou não), não têm rendimento escolar e padecem com transtornos de linguagem como as dificuldades de ler e escrever bem e, conseqüentemente, têm baixo rendimento na avaliação escolar. Quanto mais a criança é inculta, mais propensa à violência por motivos frívolos e banais. Quanto mais a criança é arisca, mais tímida para os embates da vida. Na minha rápida passagem pela rede estadual de ensino, tomei algumas providências iniciais para o trabalho com os alunos agressivos e com problemas de conduta: a primeira, conhecer seus pais e conhecendo sua família ter uma "etiologia" mais clara e definida da forma de intervenção pedagógica a tomar com relação ao educando; a segunda providência foi a de levar meu aluno à consciência de suas limitações cognitivas, de natureza secundária, e mostrar-lhes, por exemplo, que, através de uma boa orientação ou reeducação da leitura, poderiam mudar as próprias atitudes, ideais aspirações pessoais e, finalmente, promover através da leitura aquisição de conhecimentos e a integração social. Quanto mais a criança compreende ideologicamente o mundo mais se envolve com uma práxis da concidadania e se inquieta com as questões de ordem social. Os alunos com dificuldades de leitura e, a cada tentativa, frustrados, são levados a gazear aulas e a freqüentar companhias indesejáveis. Um aluno que fracassa na leitura, fracassa também na hora de ler um problema na matemática ou na hora de fazer um exercício de gramática. Um aluno que fracassa na leitura não encontra sentido algum em ler um Machado de Assis ou ler os versos de um Camões que estão parafraseados na sua canção predileta de Legião Urbana. Um aluno que constantemente fracassa é empurrado de forma perversa para a delinqüência. Uma última palavra: a privação da leitura interfere no desenvolvimento da personalidade dos alunos. Um aluno com deficiência de leitura é triste e deprimido, agressivo e angustiado, potencialmente um delinqüente. Numa sociedade de informação, ler ou escrever bem é condição de superação da desigualdade social: se alguns duvidam da tese, eis a rede mundial de computadores revelando um mundo de novas ocupações fundadas na fluência verbal e na comunicação eficaz.